“O AMOR A CAMISOLA È MUITO FORTE NO RAIANOS"

“O AMOR A CAMISOLA È MUITO FORTE NO RAIANOS"

Nesta quinta feira o Jornal Alto Minho publicou uma entrevista feita a nossa nova equipa técnica, onde passo a mostrar:
AM - Quais os motivos que o levaram a aceitar treinar o Raianos?
Vitor Alves - O Daniel Vaz, que orientou a equipa nas últimas jornadas, teve de sair por razões profissionais. A direcção falou comigo e, apesar de ter reservado mais algum tempo para mim após a saída do Desportivo, acabei por aceitar. Em conjunto com o Fernando Guedes e também o Daniel Vaz, que sempre que puder nos vai deitar uma mão, vamos orientar o Raianos nesta fase do campeonato. Temos um óptimo relacionamento com a direcção, temos bons amigos no clube e, como tal, seria difícil dizer que não nesta altura decisiva da época
AM- Começou a treinar há pouco mais de uma semana. Quais as primeiras impressões?
Vitor Alves - Fiquei muito bem impressionado. Encontrei um clube bem organizado tanto no plano administra­tivo como desportivo. Não falta nada nos treinos e temos sempre connosco elementos da direcção para nos apoiarem. Já passei por cá em anos anteriores e nota-se bem a evolução do clube nestes últimos anos. Há uma preocupação e atenção constantes dos direc­tores para resolveram as situações em tempo útil. A nível de plantei, vivemos as vicissitudes de um clube amador. Nem sempre é possível juntar os jogadores todos nos treinos. Alguns só podem vir à sexta-feira. Acima de tudo é um grupo de trabalho disciplinado que nos dá boas perspectivas de podermos lutar pela subida de divisão
AM-O presidente já afirmou que o objectivo é a subida de divisão. A equipa técnica comunga deste pensamento?
Vitor Alves - Sim. Esse é o objectivo do Raianos desde o inicio da época e vamos procurar que seja concreti­zado. A equipa passou a primeira fase e agora temos de trabalhar ao máximo para alcançarmos esse gran­de objectivo. Vamos entrar nesta fase com os mes­mos jogadores. Não vai haver reforços. No campo já deram mostras que vão lutar até ao final pelo regres­so à divisão de honra. O Daniel Vaz conseguiu uma ponta final de grande nível e cabemos agora a nós dar continuar ao trabalho espectacular que ele fez. Uma das exigências da nossa parte é a presença dele que já manifestou essa vontade sempre que seja pos­sível
AM-A segunda fase começa domingo. O sorteio foi favorável ao Raianos?
Vitor Alves - É complicado dizer se é favorável ou não. Estão seis equipas em competição que jogam entre si em casa e fora. O facto de começarmos e acabarmos em casa pode ser um ponto a nosso favor. Vamos ver. O mais importante é mentalizar os jogadores para que encarem cada jogo como uma final. Vamos procurar somar pontos e, no final, fazemos contas
AM - Começa com o Águias do Souto em casa. Como encara este jogo?
Vitor Alves - É um jogo que queremos vencer. Sabemos que não é fácil mas, em casa, temos de ganhar. Perante o nosso público, temos de ser fortes e con­quistar os pontos em disputa. Se vencermos os jogos em casa, temos meio caminho percorrido. É impor­tante ganharmos no Areal. Como disse, cada partida é uma final e, no domingo, vamos entrar para ganhar a nossa primeira final. Contamos com ajuda do públi­co para entramos com o pé direito
AM - Em relação à taça. Até onde pensa chegar o Raianos?
Vitor Alves - Na taça saiu-nos uma fava grande. Vamos defrontar o Ponte da Barca na sua casa e, como se espera vamos ter grandes dificuldades. Sabemos que o nosso adversário é superior mas não vamos entrar de braços caídos. O futebol é fértil em surpresas. Vamos até Ponte de barca com o pensamento que tal possa acontecer. O nosso adversário tem óptimos executantes que podem desequilibrar a qualquer momento. Neste género de partidas, a tendência é para a equipa favorita facilitar um pouco e a equipa menos favorita mostrar grande atitude. Vamos ver o que acontece. Tudo é possível
AM - Até porque um resultado positivo seria um bom incentivo para o campeonato
Vitor Alves - O jogo é em Março. Nessa altura, estão dispu­tadas algumas jornadas da segunda fase e, caso essa surpresa apareça, será, sem dúvida, um incentivo para os restantes jogos. Em caso de eliminação nada a dizer porque, à partida, a maior responsabilidade é do nosso adversário. Continuamos firmes no cam­peonato porque esse é o nosso grande objectivo
AM - A nova direcção do clube trouxe novas ideias e uma imagem mais moderna do clube (car­tões, blog...). Como vê esta pratica?
Vitor Alves - A nova direcção, constituída por pessoas jovens, dão garantias ao Raianos. Não tenho a menor dúvida. Estou lá há uma semana mas já deu para perceber que existe organização e um projec­to de futuro. A curto prazo, vai avançar uma nova estrutura para sede administrativa, sala de reu­niões, posto médico e loja com artigos do clube. Trata-se de uma direcção jovem, dinâmica e traba­lhadora que dá o melhor em prol do clube. Isso facilita o trabalho técnico. Não falta nada nos trei­nos e tudo que é pedido a direcção atende. Dou os parabéns aos directores porque se dedicam de alma e coração ao clube. Estão empenhados e determinados em engrandecer o clube.
AM - Um dos objectivos é o lançamento de cama­das jovens. O clube tem condições, estruturais, orga­nizacionais e desportivas para que isso possa aconte­cer?
Vitor Alves - O Raianos tem um campo de futebol e um polidesportivo ao lado que não tem maior utilização porque lhe falta iluminação. Quando comecei a jogar nas camadas jovens do Desportivo de Mon­ção, havia apenas um campo pelado para todas os escalões. Mesmo assim, fizeram-se muitos jogado­res e grandes profissionais. Aqui também é possível fazer isso. Com organização, cumprimento de horá­rios e respeito entre todos, não é difícil ao Raianos abraçar esse projecto. Este clube tem capital huma­no e, quando assim é, tudo é possível. O campo do Areal tem vindo a melhorar as suas estruturas mas é fundamental que, no futuro, se possa avançar para um sintético. Nesse caso, as camadas jovens fazem todo o sentido. Ainda para mais, vem cobrir uma zona do concelho de Monção (Vale do Mouro) algo desprotegida em termos desportivos. Os miú­dos que querem jogar à bola tem que ir para a sede do concelho ou Moreira e isso dificulta a promoção do desporto nesta zona
AM - O Raianos é um clube diferente. Não paga aos jogadores. Apenas umas sandes depois do jogo e jantar após os treinos. Daqui deriva o convívio e a mística do clube. Já sentiu esse ambiente?
Vitor Alves - Sem dúvida. Senti quando passei por cá há alguns anos e voltei a senti-lo agora. O plantei tem jogadores experientes e com vários anos no clube que têm transmitido essa mística aos jovens atletas. O Raianos é procurado pelo convívio e pelo prazer de jogar à bola. Aqui ninguém ganha dinheiro. Como referiu, apenas umas sandes depois dos jogos e um arrozinho de feijão depois dos treinos. Esta forma de estar ainda continua e, pelo que sei, vai continuar. Nem sempre posso contar com todos os jogadores no treino mas tenho a certeza que, no campo, vão dar o litro e suar a camisola. Tenho bons jogadores que só vão para outros clubes se receberem mas no Raianos jogam de borla. Neste clube, o amor à camisola sen­te-se muito forte
AM - O Vítor saiu há pouco mais de um mês do Desportivo de Monção. Encontra diferenças entre o seu antigo clube e o actual?
Vitor Alves - Não, teoricamente deveria haver diferenças porque o Desportivo de Monção, além de estar no escalão acima, é o clube mais representativo de Mon­ção. Na prática, não há diferenças. O Raianos é um clube muito bem organizado. Estou há uma semana, aconteceram duas a três situações pontuais que foram resolvidas no imediato. No Desportivo de Mon­ção isso não acontecia. A resolução de determinadas situações levava mais tempo. Passei por episódios caricatos, como faltar gasóleo nas deslocações para os jogos, que são impensáveis no meu actual clube. O Raianos é um clube amador mas tem um nível orga­nizacional melhor que o Monção. Com isto, não pre­tendo criticar ninguém, limitando-me apenas a cons­tatar uma realidade. Joguei e treinei o Desportivo de Monção, tenho um enorme respeito pelo clube e a minha paixão nunca se perderá. No Raianos, prometo fazer o melhor para levar o clube ao lugar que mere­ce